Placa treta: a velha injeção eletrônica de 1981

Mais um ótimo exemplo do que podemos classificar como “placa treta”. Em um famoso site de vendas, procurando um Passat para um amigo, acabo dando de cara com este anúncio. O título e a foto me chamam a atenção. Afinal, é um belo carro. Abro pra conferir e a admiração vai por água abaixo… Atrás de modificações mecânicas que certamente deixaram o carro muito mais agressivo, como injeção eletrônica e cilindrada aumentada para 1.9 na famosa denominação “APzão turbão treiskilimei” e também com um jogo de rodas Orbital aro 16″ que podem até provocar um leve debate sobre a harmonia com o restante do carro, caio na decepção de ler (e confirmar na foto) que o carro tem placa preta. Ou mais especificamente: placa treta. Segundo o anúncio: “Certificado e documentação toda ok, com potência alterada e suspensão constante no documento e regularizado no Detran – SP“.

Placa treta: anúncio do TS 1981

Não vamos cair no velho erro e na velha ingenuidade do “Ah, o dono conseguiu o certificado de originalidade e depois modificou o carro!”. O texto do anúncio está claríssimo: “Nas fotos acima o veículo ainda não estava com a placa preta, mas atualmente está” (certamente um texto antigo, já que há sim uma foto do carro já com a placa preta, mas onde dois números estão cobertos). Melhor sermos realistas: o clube que emitiu a placa preta sabia sim de todas as modificações. Ou se emitiu o certificado sem vistoriar o carro, continuou agindo fora da legalidade.

Placa treta: TS 81 com as modificações principais

A FBVA cada vez mais vem se empenhando para resolver junto ao Denatran a questão dos “clubes” (entre aspas mesmo, pois não são clubes, são apenas comércio) que vendem certificados a proprietários de carros não originais. Porém, minha opinião pessoal é a de que apenas uma mudança na legislação, com regras mais claras sobre o índice de originalidade, ou no mínimo a exigência de que todos os clubes credenciados ao Denatran devam seguir as regras propostas pela FBVA para a emissão do certificado (mesmo que não sejam filiados), pode ajudar a termos um norte a seguir nesta questão. E com os critérios definidos, deveria caber aos proprietários que não seguem as regras alguma punição por meio judicial. Infelizmente o brasileiro, que tanto gosta de gritar contra a corrupção (dos outros), só aprende quando a corda arrebenta do seu lado.

Placa treta: TS 1981 exibindo a placa pretaVale também repetir a reflexão que ouvi há poucos dias de um amigo sobre o tema: placa preta não é atestado de beleza. O Passat do anúncio está bonito? Sem dúvida alguma! Está bem preparado? Imagino que sim. Deu trabalho ao proprietário para deixá-lo assim? Com toda certeza. Mas mesmo bonito, bem preparado e dando trabalho pra deixá-lo neste nível, não é esse o objetivo da placa preta e do certificado de originalidade, que só leva esse nome por um motivo óbvio. E não venham tentar convencer alguém de que essa mecânica e as rodas Orbital estavam disponíveis em 1981.

Sobre André Grigorevski

Fundador da Home-Page do Passat e presidente do Passat Clube - RJ.

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4 comentários

  1. Pois é…triste.

    Interessante seria divulgar qual o honrado clube que vendeu esse certificado, não?

  2. É complicado hein o dono deveria sentir constrangimento ao invés de orgulho !!!

  3. O que era um diferencial, acabou sendo item de banalização… Transgressão da lei!!!

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