Mais um ótimo exemplo do que podemos classificar como “placa treta”. Em um famoso site de vendas, procurando um Passat para um amigo, acabo dando de cara com este anúncio. O título e a foto me chamam a atenção. Afinal, é um belo carro. Abro pra conferir e a admiração vai por água abaixo… Atrás de modificações mecânicas que certamente deixaram o carro muito mais agressivo, como injeção eletrônica e cilindrada aumentada para 1.9 na famosa denominação “APzão turbão treiskilimei” e também com um jogo de rodas Orbital aro 16″ que podem até provocar um leve debate sobre a harmonia com o restante do carro, caio na decepção de ler (e confirmar na foto) que o carro tem placa preta. Ou mais especificamente: placa treta. Segundo o anúncio: “Certificado e documentação toda ok, com potência alterada e suspensão constante no documento e regularizado no Detran – SP“.
Não vamos cair no velho erro e na velha ingenuidade do “Ah, o dono conseguiu o certificado de originalidade e depois modificou o carro!”. O texto do anúncio está claríssimo: “Nas fotos acima o veículo ainda não estava com a placa preta, mas atualmente está” (certamente um texto antigo, já que há sim uma foto do carro já com a placa preta, mas onde dois números estão cobertos). Melhor sermos realistas: o clube que emitiu a placa preta sabia sim de todas as modificações. Ou se emitiu o certificado sem vistoriar o carro, continuou agindo fora da legalidade.
A FBVA cada vez mais vem se empenhando para resolver junto ao Denatran a questão dos “clubes” (entre aspas mesmo, pois não são clubes, são apenas comércio) que vendem certificados a proprietários de carros não originais. Porém, minha opinião pessoal é a de que apenas uma mudança na legislação, com regras mais claras sobre o índice de originalidade, ou no mínimo a exigência de que todos os clubes credenciados ao Denatran devam seguir as regras propostas pela FBVA para a emissão do certificado (mesmo que não sejam filiados), pode ajudar a termos um norte a seguir nesta questão. E com os critérios definidos, deveria caber aos proprietários que não seguem as regras alguma punição por meio judicial. Infelizmente o brasileiro, que tanto gosta de gritar contra a corrupção (dos outros), só aprende quando a corda arrebenta do seu lado.
Vale também repetir a reflexão que ouvi há poucos dias de um amigo sobre o tema: placa preta não é atestado de beleza. O Passat do anúncio está bonito? Sem dúvida alguma! Está bem preparado? Imagino que sim. Deu trabalho ao proprietário para deixá-lo assim? Com toda certeza. Mas mesmo bonito, bem preparado e dando trabalho pra deixá-lo neste nível, não é esse o objetivo da placa preta e do certificado de originalidade, que só leva esse nome por um motivo óbvio. E não venham tentar convencer alguém de que essa mecânica e as rodas Orbital estavam disponíveis em 1981.
Pois é…triste.
Interessante seria divulgar qual o honrado clube que vendeu esse certificado, não?
Eu gostaria de saber qual foi o clube, divulgaria com prazer. Mas infelizmente não consta no anúncio.
É complicado hein o dono deveria sentir constrangimento ao invés de orgulho !!!
O que era um diferencial, acabou sendo item de banalização… Transgressão da lei!!!