Há tempos não publicávamos nenhum post sobre um “placa treta”… Mas não era por falta de material. Infelizmente a emissão de certificados de originalidade (vamos deixar a palavra em negrito) para carros antigos modificados está cada vez mais popular. Nas redes sociais, cansamos de ver Passat e outros antigos bastante modificados exibindo placas pretas com seus donos orgulhosos e sedentos por likes. São carros com aro 17″, mecânica moderna, injeção eletrônica, interiores totalmente reformulados.
E também carros que conhecíamos já modificados com placa cinza e que aparecem com placa preta. Uma prova de que, ao contrário do que muitos dizem, as modificações nem sempre acontecem após a obtenção do certificado de originalidade. Cresceu também, exponencialmente, o número de vendedores de certificados, tão capazes que fazem vistoria por fotos de Whatsapp. E todo mundo acha normal.
Além dos desinibidos proprietários, diversos sites, revistas e programas de televisão passaram a exibir os placa treta sem nem ao menos citar o problema. Pelo contrário, em praticamente 100% dos casos a exibição é para exaltar o carro. Existem casos famosos como a “Saveiro GT”, ou carros premiados em famosos eventos na categoria “modificados”, mas que ostentam a placa preta (algo que nem deveria ser usado como objeto de ostentação).
Apesar de parecer óbvio o erro de quem emite e assina um certificado de originalidade quando não há características originais preservadas, algumas pessoas influentes no antigomobilismo, e muitas outras sem qualquer influência real, aplaudem essa prática. Há algumas semanas, chegou até nós até o perfil de uma pessoa diretamente ligada a política em uma cidade de um grande estado, onde o Passat de placas pretas e aro 17″ era exibido sem qualquer pudor. E todo mundo acha normal.
A Federação Brasileira de Veículos Antigos faz o que está ao seu alcance sobre o tema e o Denatran em raros momentos parece se movimentar no sentido de reprimir essa prática. Mas como muitos donos de antigos modificados estão desesperados pra causar inveja nos vizinhos com uma simples placa de outra cor, parece que não temos muita esperança de que algo vá mudar. Por esta falta de esperanças, material desse tipo acabou não sendo mais objeto de publicações por aqui, já que não causa mais espanto… Todo mundo acha normal.
Hoje abro uma exceção, pois um dos primeiros Passat com placa treta publicados aqui no blog, neste post de fevereiro de 2014, reapareceu a venda no OLX. O post da época tem fotos do carro ainda com placas cinza, o que mostra que as placas pretas foram obtidas posteriormente as modificações. O anúncio está aqui, pra quem quiser ver. Por R$24.900,00, praticamente o mesmo valor de 2014, é possível comprar este Passat. Ele vem com rodas 17″, mecânica Total Flex, direção hidráulica, interior nas cores bege e verde, em couro. Ah, acompanha também o Certificado de Originalidade, claro.
É um assunto que pode gerar debates intermináveis, apesar de ainda ser complicado de entender como alguém consegue justificar um documento que certifica a originalidade de algo que de original tem pouca coisa. Vamos nos abster de maiores comentários ou observações. Afinal, o anúncio está disponível na internet e as fotos falam por si. Além do mais, todo mundo acha normal.
Pior de tudo é que atitudes como essa só causa desinteresse em quem realmente gostaria de obter uma placa preta verdadeira (por que essas são fraudes)…antes o que era motivo de admiração agora é desconfiança..hoje sempre me vem a pergunta: será que é mesmo original?
Tenho dois carros com Placa Preta e os tenho com o intuito de preservação e reconhecimento do antigo. Lamentavelmente a certificação de veículos modificados ou que sofreram modificações posteriores causam até constrangimento a quem busca preservar a história dos automóveis! A ABVA deveria pegar pesado e solicitar, se não a todos, mas aos denunciados nova vistoria presencial de tais veículos.
O problema é que a FBVA não é a responsável pela vistoria desse carro. O clube responsável até aparece aí na foto do certificado. Até agora, dos “placa treta” que publicamos aqui, ainda não tivemos nenhum caso de irregularidades (nem mesmo de alterações posteriores) de carros vistoriados por clubes federados.
Infelizmente o que está ao alcance da Federação é formalizar a denúncia junto ao Denatran. E o Denatran até agora não fez nada de concreto pra resolver essas situações.
O pior é que a popularização da “placa treta” acaba servindo de pretexto para quem quer jogar no mesmo balaio de gato os antigos originais em bom estado de conservação, os reformados com alguma modificação funcional e os “paus véios” que só serviriam de matéria-prima para siderúrgicas.
Tem “clubes” propondo algo nesse sentido mesmo… Até carros que ainda passariam por restauração poderiam ter o certificado, perdendo totalmente o objetivo da placa preta.
Uma vergonha isto aí… Tem que ter muita cara de pau…
Esse veículo foi modificado pelo proprietário e para que tenham ciência a nossa primeira reunião no DENATRAN em 2012 foi para denunciarmos veículos modificados com a placa preta que fotografamos nas ruas e em eventos e soubemos então que a lei permite que veículos antigos sejam modificados conforme orientação do CONTRAN, “ As modificações em um veículo são previstas no CTB (Art. 98) resolução nº292/2008 e permite que veículos antigos de coleção sejam modificados” , por essa razão não podemos denunciar os veículos que estejam com as modificações dentro da lei e no documento, desde que aprovados a sua segurança veicular atestada pelo INMETRO.
Encontramos a solução estudando a legislação mundial de veículos antigos, por isso criamos os selos para veículos antigos originais e modificados para que dentro da lei sejam classificados conforme o seu estado de conservação, originalidade ou modificação, estamos esperando o momento certo para publicarmos essa matéria que vai elucidar todos esses fatos e tabus, somos o primeiro clube do País e não nos sujaríamos por valor algum de certificação irregular, pois nem anuidade ou mensalidades cobramos de nenhum de nossos associados.
Estamos sempre a disposição para quaisquer duvidas sobre certificações e suas legalidades.
https://www.facebook.com/automovelclubedobrasil/photos/a.144792785624775.24601.130106757093378/1160589010711809/?type=3&theater
Prezado, fico satisfeito de ter a sua resposta aqui, apesar de não termos citado o clube nominalmente e apenas publicado as fotos do anúncio que se encontram no OLX. O veículo foi modificado pelo proprietário, claro. Mas o senhor quer dizer que isso foi feito antes ou após a vistoria de placa preta?
Sobre modificações, não creio que seja permitido, já que inclusive emplacamentos de carros com placa preta rebaixados foram negados em estados do sul do país. Além do mais, é bem claro que o Certificado é de Originalidade e o próprio texto contido nele contém o trecho “conserva TODAS AS SUAS CARACTERÍSTICAS ORIGINAIS”, sendo claro que isso não ocorre.
Ainda sobre as modificações, aqui no Rio mesmo temos o caso de um Fusca rebaixado com placa preta, que veio assim de São Paulo, que o Detran-RJ não pode incluir a modificação da suspensão no documento (já devidamente vistoriado pelo Inmetro), exatamente por ele já se incluir como veículo de coleção, cujas modificações são vedadas. Então, reforça a tese de que isso não é mesmo possível.
Fico feliz pela resposta, pois aqui o debate estará sempre aberto.
O veiculo foi modificado após a certificação, a permissão está nas leis do CONTRAN acima citadas, infelizmente é mal interpretada, o texto “conserva TODAS AS SUAS CARACTERÍSTICAS ORIGINAIS”, não é objetivo, a unica objetividade são os 30 (trinta) anos, pois para o cumprimento exato do texto nenhum carro poderia ser certificado, pois a simples troca da bateria, pneus, motor etc já descaracteriza sua originalidade, a frase foi inserida na resolução para que os veículos antigos com mais de trinta anos pudessem manter suas características originais, não precisando se adequar a nova legislação tendo que ser instalados, cinto de segurança de três pontos, retrovisor do lado direito, etc mas como tudo isso é muito controverso, acreditamos que em breve que a nova resolução dissipara essas duvidas.
hahah, que absurdo. só pode ser piada… É só ter um pouco de bom senso para saber oque são itens descártaveis e o que não. Alias, motorização está inclusa na observação de pessoas sérias analisando a originalidade do carro, troca de motor por de outra era é descaracterização sem dúvidas.
Sobre espelho:
“Art. 1º – Para circular em vias públicas, os veículos deverão estar dotados dos equipamentos obrigatórios relacionados abaixo, a serem constatados pela fiscalização e em condições de funcionamento:
I – nos veículos automotores e ônibus elétricos:
(…)
3) Espelhos retrovisores, interno e externo”
“Art. 6º. Os veículos automotores produzidos a partir de 1º de janeiro de 1999, deverão ser dotados dos seguintes equipamentos obrigatórios:
I – espelhos retrovisores externos, em ambos os lados;”
Este é só um exemplo, nunca foi necessário placa preta para proteger o meu direito de ter um só retrovisor externo…
Exatamente… Espelho retrovisor do lado direito, apoio de cabeça nos bancos, luz de ré, air bag, esguicho de água do pára-brisa… Cada item como esse tem sua regulamentação e especifica a partir de que época o carro deve possuir tal item. A espécie Coleção é útil principalmente para normas de emissão de poluentes (algo bem geral, que deixa qualquer carro produzido até 1979 no mesmo balaio e trouxe muitos problemas como vimos em SP na época da Controlar).
De resto, se tudo isto que você diz é verdade então a placa preta é inútil, uma lata pintada de preta e atestando nada com coisa alguma, um penduricalho.
Prezado, mas no post de 2014 temos uma foto do veículo já com o porta-malas modificado e ainda com placa cinza, o que demonstra que as modificações já existiam antes da vistoria. O certificado é de janeiro de 2014 e o post de fevereiro de 2014. Se o senhor enviar as fotos da vistoria com o arro em seu estado original, terei o maior prazer de publicar aqui e colocar o seu lado da situação.
Sobre a resolução citada, não encontrei em qualquer lugar a permissão para alterações em veículos de coleção. Pelo contrário, as espécies onde as modificações são permitidas são “passageiro”, “carga” e “misto”. As únicas vezes em que a espécie “coleção” aparece, é apenas dizendo que uma das alterações permitidas é a mudança das espécies já citadas para coleção. Como não há no anexo da resolução qualquer menção a alterações em veículos de coleção, logo é possível concluir que elas não são permitidas.
Já a troca de motor, bateria e outras peças não descaracteriza um carro, já que usando um motor igual, bateria igual e outras peças ele mantém as CARACTERÍSTICAS originais e não significa que ele deve usar as mesmas peças que saiu de fábrica. Mas sim que ele deve usar peças com as mesmas características. Evitando assim casos como este em que um Passat dos anos 70 usa um motor Total Flex possa ser considerado histórico (obviamente sabemos que não há nada de histórico nisso).
Fato é que, se qualquer modificação fosse permitida, porque seria necessária uma vistoria por “pessoa jurídica, *sem fins lucrativos*, e instituída para a promoção da conservação de automóveis antigos e para a divulgação dessa atividade cultural, de comprovada atuação nesse setor, respondendo pela legitimidade do Certificado que expedir” conforme determina a resolução 56/98? Bastaria qualquer carro com 30 anos ser passado para a espécie coleção, já que pelo seu ponto de vista bastaria ele apenas existir.
Nao consigo acreditar que o cara achou bonito, essas cores e acessorios horriveis… alem da cara de pau da placa treta, claro, lamentavel…
Boa tarde amigos! Tenho acompanhado no blog a discussão e , proprietário de dois placas pretas certificados pelo ACB, tive um de meus veículos reprovados pelo clube por causa das condições da pintura do mesmo, que apesar de ter a cor azul como descrita no documento, este era metálico e que não seria possível certifica-lo. Tive que pintar o carro com a cor original da linha de produção e então sim foi certificado. Ainda acredito na seriedade de clubes como o ACB, foi demonstrada seriedade e preocupação com a emissão do Certificado. Lamentavelmente existe má fé de alguns proprietários que estão burlando as regras dos clube e porque não do DENATRAN pra tentarem valorizar seus bólidos. Só para esclarecer, o veículo que tive q pintar é um Jeep Willys CJ3A 1951 e mantém todas as peças, mecânica, acessórios, lataria (incluindo assoalhos e caixa de ferramentas), freios, totalmente originais, e mesmo assim foi reprovado pela pintura.
Mais uma vez deixo aberto para o clube (qualquer clube responsável pelos carros já publicados aqui nesta seção) enviar as fotos da vistoria deste Passat certificado em janeiro de 2014 (conforme atesta a foto do anúncio). Lembrando que o post inicial deste carro no blog, já modificado, foi no dia 26 de fevereiro de 2014: https://blog.hpdopassat.com.br/2014/02/placa-treta-a-tecnologia-total-flex-em-1976/
Prefiro crer que em apenas 1 mês alguém descaracterizou um Passat totalmente original, colocando o motor Total Flex, alterando todo o interior, incluindo o porta-malas (que já aparecia na foto com placa cinza, mas ok), rodas 17″, etc. Por isso, repito, deixo o espaço aberto para esclarecer com as fotos da vistoria, que o clube deve armazenar.
Se há provas irrefutáveis que o veículo já estava descaracterizado antes da “certificação de originalidade”, qual é o argumento da entidade certificadora para ter emitido a certificação desse veículo que é, sem dúvida, uma afronta ao inciso II do artigo 1° da Resolução n° 56 (“conservar suas características originais de fabricação”)?
Com a palavra os responsáveis pela certificação…
Cheguei a seguinte conclusão, no Brasil as leis são facultativas. Pode-se cumprir a lei ou; simplesmente NÃO cumprir, sempre vai existir uma jurisprudência para “passar a mão na cabeça” e ressocializar o “suposto” infrator …
Incrível como o Passat é – de longe – o carro preferido dos Manolos. Estive nos últimos dois anos pesquisando semanalmente um Passat da primeira geração para projeto de restauro, e simplesmente não encontrei um só Passat que valesse à pena. Os que apresentam boa originalidade, estão caindo aos pedaços… Já os bem conservados estão no estado desse Total Flex aí… Totalmente manolizados.
Muitos aparentam conservados, mas na verdade podem estar até piores de estrutura. Mecânica nem se fala, nenhum dos manolizados se escapa dos APzão Mil&Nove Trezquilimei