Os veículos destinados a exportação, produzidos em qualquer parte do mundo, estão sujeitos a sofrer alterações de acordo com o mercado ao qual serão destinados. Alguns fatores que podem determinar essas alterações são as condições climáticas ou da pavimentação, legislação local ou mesmo o gosto do público consumidor.
No caso do Passat, o episódio mais conhecido é o das unidades exportadas para o Iraque. Para evitar problemas com as altas temperaturas, essas unidades receberam um radiador de maior capacidade e sistema selado. Também devido a temperatura, o ar-condicionado era de série. E não devemos esquecer do gosto do consumidor local, que recebeu a maioria dos Passat com a forração dos bancos e portas na cor vermelha.
Outros casos que podem ser citados são o dos Passat exportados para a Argélia, modelos de 5 portas com bancos sem encosto de cabeça e faróis duplos usados nos TS, LSE e 4M, e os modelos diesel exportados para diversos países onde esse combustível é permitido para veículos de passeio.
O mesmo acontecia com outros países, como é o caso abordado neste post. Para atender uma encomenda de Passat que seriam enviados à Bulgária, a Volkswagen do Brasil precisou testar o modelo brasileiro em temperaturas extremamente baixas. A história foi contada através do Informe Publicitário “Um Passat no gelo”, publicado na edição do dia 31 de dezembro de 1980 da revista Veja. O texto, na íntegra, segue abaixo:
“Há dois anos um pedido de exportação de carros para a Bulgária movimentou toda a equipe brasileira do Departamento de Exportação e de Engenharia de Testes da Volkswagen do Brasil. Como saber o comportamento de um Passat enfrentando temperaturas até 25 graus abaixo de zero?
Os testes começaram aqui no Brasil. Todas as peças que compõe o carro foram colocadas em câmaras climáticas onde a temperatura alcançava 35 graus negativos. O material foi checado dentro e fora da câmara. Mas era preciso descobrir também o desempenho do carro enfrentando temperaturas tão baixas. O veículo tinha que ser checado fora do país. A Escandinávia foi a região escolhida para os testes.
A fábrica montou dois Passat com as peças que haviam passado por câmaras climáticas e embarcou-os para Frankfurt. Dali esses carros viajaram 11 mil quilômetros pela Europa e países nórdicos, 7 mil km com temperaturas que variavam de zero a 25 graus negativos.
A maior dificuldade dessa viagem, lembra Petr Scholle, o coordenador deste teste, foi chegar até a cidade de Muonio, na Finlândia. Ali a temperatura alcança até 45 graus negativos. Queríamos saber o desempenho do veículo com todo esse frio.
A equipe brasileira acabou ilhada por uma tempestade de neve em Trelleborg, Suécia. Quando finalmente se chegou a Muonio, a temperatura estava a 25 graus negativos. A partida do motor foi acionada e o carro pegou da primeira vez. O teste foi repetido várias vezes, sem problemas.
O Passat brasileiro ganhava aí mais uma briga, e um certificado: aprovado para países de baixa temperatura.”
E chegou a ser vendido na Bulgária? Engraçado é que um país socialista fechado, com as suas fábricas estatais, realizar compras de carros do exterior.