O lançamento dos carros movidos a álcool no Brasil é um dos capítulos mais importantes da história automotiva do nosso país. E, como não poderia deixar de ser, causou grande curiosidade nos consumidores, receosos sobre a nova tecnologia. O primeiro carro que utilizava o biocombustível que teve sua comercialização liberada ao público foi o Fiat 147. O motor a álcool de 1500 cm³ do Passat foi homologado pelo governo brasileiro no dia 16 de agosto de 1979. Inicialmente, seu uso foi liberado apenas para frotas experimentais. E ainda na linha 1980 foi permitida a sua venda para o público em geral.
A Volkswagen, pelo que se percebe nas notícias da época, se preocupou não apenas com o mercado interno, oferecendo veículos a álcool para a frota de empresas, como a Shell no Rio de Janeiro, ou fazendo doações para órgãos públicos como já publicamos aqui no caso do MEC em Natal, mas se interessou pela possibilidade de exportar a nova tecnologia. Assim, a Volkswagen fez doações unidades do Passat a álcool para países como a Argentina, Filipinas, Indonésia e também para o Paraguai, país que é o assunto deste post.
Os Passat à álcool destinados ao Paraguai
O objetivo das doações para estes países era permitir que eles pudessem testar os novos motores e, quem sabe, futuramente negociar a compra de veículos Volkswagen a álcool. Alguns deles, por sinal, já se mostravam interessados em produzir de maneira local o álcool etílico para o uso como combustível de veículos automotores a partir de culturas locais.

No dia 3 de outubro de 1980, o então presidente do Paraguai, Alfredo Stroessner, na presença dos seus Ministros da Indústria e Comércio, Fazenda e Obras Públicas e Comunicações, recebeu do Gerente de Administração de Vendas da VW, Abelardo Biglione, duas unidades do Passat à álcool. As unidades foram oferecidas também pela recém-inaugurada importadora DIESA S.A., que existe até hoje e havia recebido autorização para instalar naquela mesma cidade o primeiro posto de abastecimento de álcool no Paraguai.
A solenidade aconteceu na cidade de Puerto Stroessner, hoje chamada Ciudad del Este, localizada na fronteira entre os dois países. O fato recebeu atenção dos jornais da época, que noticiaram o acontecimento, divulgando inclusive a intenção da Volkswagen de instalar uma unidade montadora naquele país. Naquele mesmo mês, seria inaugurada a primeira usina paraguaia para a produção de álcool a partir da cana de açúcar.

A imagem deste post é a única que encontramos da ocasião, e foi publicada em um anúncio da montadora na edição do dia 5 de outubro de 1980 do Jornal do Brasil. Com o título “Paraguai, urgente”, o informe publicitário destaca que o governo daquele país, “a exemplo do que fez recentemente o da Indonésia, pretende implantar sua própria tecnologia do álcool”. E o texto termina exaltando o novo mercado de exportação que se abria, dizendo que “Pela Ponte da Amizade vão entrar muitas divisas para o nosso país”.
E algumas notícias da mesma solenidade ainda davam conta de mais um fato que nos interessa: havia a previsão de que a Volkswagen receberia a encomenda de 50 Passat movidos a álcool para o Paraguai. Estes carros seriam incorporados pela frota de táxis que serviam o Aeroporto de Assunção. E lá vamos nós, tentar buscar também algo mais sobre este fato. Além disso, futuramente, teremos mais um pouco sobre o Passat a álcool, até mesmo em países onde poucos imaginam que ele pode ter sido utilizado.
Uma dúvida… Existem postos de combustível no Paraguai que fornecem etanol? Pensei que nos restante dos países do Mercosul se vendia apenas gasolina.