O assunto de deste post desperta a curiosidade de parte dos admiradores brasileiros do Passat e já gerou algumas adaptações. Por aqui, onde durante uma década a única opção oferecida pela Volkswagen para o Passat era o câmbio manual de 4 marchas, o Passat automático sequer fazia parte dos sonhos do consumidor. A não ser por uma reportagem da revista Quatro Rodas ainda durante os anos 70, onde um exemplar, provavelmente alemão, foi flagrado e a suposta venda daquela versão foi anunciada para um futuro que nunca chegou. Entretanto, em outros países a situação era diferente. É o que traremos hoje com o catálogo “La Passat Automatique”, que apresenta ao consumidor francês de 1974 a opção do câmbio automático.
No Brasil, o câmbio automático foi, durante um bom tempo, quase uma exclusividade dos automóveis de maior porte. Sendo mais específico, era uma opção inicialmente das linhas Galaxie e Dodge V8, sendo posteriormente incorporados também ao opcionais dos modelos um pouco menores, mais ainda grandes para os padrões brasileiros, Opala e Maverick. Vou ignorar neste post toda a fama e as desculpas dos brasileiros para não utilizar este equipamento, da mesma forma que não gostavam, por exemplo, de carros com 4 portas.
Já entre os carros pequenos e médios dos anos 70, apenas o Dodge Polara oferecia a possibilidade da transmissão automática. Mesmo assim, apenas no final da década. Vale a observação de que a caixa do Polara possuía quatro marchas, diferente dos modelos de maior porte já citados, todos com três velocidades.
Já nos anos 80, a General Motors ofereceu o câmbio automático inicialmente para a linha Chevette e posteriormente para a linha Kadett. Nessa altura, outros modelos maiores e mais caros, como o Monza e o Del Rey, também dispunham deste opcional. O Passat, por outro lado, nunca teve este equipamento na lista de opcionais. Porém, esta situação não era a mesma em todo o mundo.
Na Europa e América do Norte, o Passat automático era uma realidade. Chegamos a mostrar por aqui alguns exemplares importados equipados com esta transmissão. Foi o caso desta Dasher Wagon 1977 e também deste Passat Variant do mesmo ano de fabricação, que na época se encontrava na Holanda. Mas nunca escrevemos nada especificamente sobre essa característica.
Trazemos nesta publicação, então, o catálogo da Volkswagen destinado a França. É certo que o mercado francês não era tão propenso ao câmbio automático como se vê nos Estados Unidos, entretanto era um equipamento bem mais comum e aceito por lá do que aqui nas terras de Cabral.
A Citroën, inclusive, além de disponibilizar este equipamento para alguns modelos, como nos DS e SM, oferecia também uma opção de caixa semi-automática chamada C-Matic, para modelos como o GS. Acredito que o seu manuseio seja, inclusive, semelhante a caixa Saxomat que tivemos por aqui em raríssimas unidades produzidas pela DKW-Vemag. Com a diferença, claro, da posição da alavanca.
O catálogo francês do Passat automático
O catálogo que mostraremos aqui, como já dito, foi editado para a França, um país que tem um acervo razoável de material publicitário para trazermos para a Home-Page do Passat. Mas onde curiosamente não encontramos, ainda, um Passat sobrevivente.
Este folder, cujo título é “La Passat Automatique”, era composto por 4 páginas onde a caixa de marchas, como era de se esperar, era o grande destaque. Sua capa trazia um modelo de 4 portas e faróis duplos. A última página mostrava a Passat Variant, cuja carroceria na França é chamada de “break”, e a versão 2 portas de faróis oblongos.
Aliás, câmbio à parte, foi interessante notar pelo texto do catálogo que a dianteira do Passat neste caso indicava a potência do motor. A última página esclarece que havia duas opções de motor – apesar de ambos serem 1.5 – para o sedã: 75 ou 85 CV, aferidos pelo padrão DIN. Eles possuíam, respectivamente, faróis oblongos ou duplos redondos. Apesar da diferença nos motores e faróis, o catálogo não cita siglas como LS e TS.
O texto ainda informa que o sedã de 75 CV era o mais econômico entre as opções do Passat automático. O que nos parece um tanto óbvio, tanto pela menor potência em relação ao sedã de 85 CV quanto pelo menor peso em relação a versão Break. Esta, por sua vez, tinha como destaque no catálogo o porta-malas de fácil acesso através da tampa traseira, com capacidade para 750 litros, segundo a fábrica. Além de ser a “ideal quando você tem muitos filhos”.
Já as páginas centrais falam exclusivamente do câmbio automático de três velocidades. Em uma tradução pouco confiável deste que vos escreve, o título destas páginas traz algo próximo a “Deixe a caixa de velocidades automática do Passat trabalhar” (por favor, corrijam qualquer possível erro).
A única imagem é a da alavanca de câmbio com seu acabamento, onde se vê a indicação das marchas. E ao lado de cada uma,`e também do botão da alavanca, há uma breve explicação sobre sua função e também sobre a segurança.
As explicações sobre o câmbio do Passat automático são comuns a maioria dos carros equipados com o mesmo tipo de caixa de marchas. Ao lado da ré, por exemplo, o texto informa que a marcha só pode ser engatada com o carro parado e o motor em marcha lenta. Existe também um breve alerta sobre a função do botão da alavanca, que impede, como é usual nestes câmbios, que a marcha a ré e o parking sejam selecionados por engano.
Na coluna lateral, mais alguns esclarecimentos que também se aplicam a outros carros automáticos. O texto fala, por exemplo, sobre o funcionamento do câmbio, com a mudança de marchas no melhor momento quando em Drive, e na possibilidade do kick-down quando houver a necessidade de mais potência. Como em uma ultrapassagem, por exemplo.
Outra curiosidade é que no endereço que aparece no carimbo da primeira página deste catálogo, na pequena Albi, ainda funciona uma concessionária Volkswagen. Mas eu não acredito que ainda tenham por lá algum Passat automático de carroceria B1 no estoque. C’est la vie…